loader
Cannabis facility

Outra forma de pôr a questão seria salas de cultivo em sistema fechado vs sistema aberto.

Uma sala selada (ou em sistema fechado) tem uma quantidade mínima de ar a ser trocado com o exterior, ou seja, o ar que está dentro da sala está constantemente a ser condicionado para que se mantenha nas condições ambientais desejadas. Como o ar não está a ser substituído e as plantas precisam de consumir CO2 para fazerem a fotossíntese e para crescerem, o ar da sala ficará eventualmente destituído deste gás. Isto significa que será necessário suplementar a sala com CO2 e significa também que facilmente se poderão atingir níveis de CO2 ainda mais elevados que os níveis exteriores e, consequentemente, níveis mais elevados do que seria possível com um sistema aberto. Uma vez que se trata de um sistema fechado, poderá ter a certeza de que não está a libertar CO2 para o exterior, isto é, não estará nem a poluir nem a desperdiçar este gás precioso. E a melhor parte é que as plantas adoram! Caso as restantes variáveis estejam em níveis óptimos para o crescimento, será garantido que o crescimento será enorme.     Uma desvantagem destes sistemas é um investimento inicial em equipamento mais elevado (principalmente em Ar Condicionado e desumidificadores, mas também a própria sala selada). Dependendo da sua localização e condições climatéricas, um custo operacional mais elevado também é uma possível desvantagem – uma vez que não se pode utilizar ar nas condições exteriores para o chamado free-cooling (introduzindo ar mais fresco, proveniente do exterior e misturando-o com o ar interior para baixar as altas temperaturas causadas pelas luzes de crescimento).

Em salas de sistema aberto, o ar exterior é constantemente introduzido na sala para arrefecer ou desumidificar. Isto pode parecer a melhor opção, mas estará assim limitado pelas condições exteriores, esperando que elas estejam perfeitamente de acordo com as suas necessidades. É claro que este raramente será o caso (apesar de poder aplicar algumas estratégias para melhorar os seus resultados com este método, como a utilização das luzes de crescimento durante a noite). Assim, o mais provável é que tenha de condicionar o ar exterior, o que poderá representar ainda assim uma vantagem em termos de custos em relação a um sistema fechado, mas poderá não o ser. A temperatura e a humidade funcionam como um conjunto e será impossível que ambas estejam constantemente a níveis ideais no exterior, o que poderá significar que terá de ter um humidificador ou desumidificador (além do controlo de temperatura). Quando trabalha com um sistema deste tipo, a estratégia mais comum à escala comercial é utilizar uma UTA (unidade de tratamento de ar) que consiste, em termos simplistas, numa unidade de ar condicionado gigante que constantemente trata o ar através da sua passagem por filtros, serpentinas e condutas. O ar retornado pode passar por um permutador de calor (para que se possa utilizar alguma da sua energia armazenada para condicionar o ar que entra) ou pode ser simplesmente descartado. Em relação às UTAs poderíamos alongar-nos, mas isto é o básico.

Por que é necessária a utilização de filtros? Porque em Agricultura de Ambiente Controlado (CEA – do inglês Controlled Environment Agriculture) trabalhamos com as melhores condições para o crescimento das plantas, que também significa as melhores condições para outras indesejadas formas de vida, como bactérias, fungos e insectos, que também podem prosperar caso não sejam monitorizados. Esta é precisamente a razão pela qual se devem utilizar filtros de ar quando trabalhamos com salas de sistema aberto. Adicionalmente, existe o risco da entrada de pólen, que no caso do canábis (e outras culturas) pode arruinar toda a colheita – apenas uma pequena quantidade de pólen poderá tornar toda a colheita num produto que não é vendável. Apesar de parecer uma solução simples, utilizar uma série de filtros para impedir a entrada de contaminantes, isto implica a utilização de maiores ventoinhas com maior potência para fazer com que o ar vença a barreira dos filtros. Além disso, implica também maiores custos de manutenção na limpeza e substituição dos filtros.

A necessidade de utilização de filtros representa definitivamente uma desvantagem dos sistemas abertos face aos sistemas fechados. Ainda assim, as salas fechadas não são imunes a estas pestes e contaminantes. No entanto, as salas fechadas são mais fáceis de gerir, uma vez que o maior veículo de contaminação são os próprios trabalhadores, por isso é preciso especial atenção a este ponto, para garantir que não levam contaminantes convosco! Ambas as soluções têm pontos contra e a favor, por isso, uma sala de cultivo com capacidade para operar nos dois modos, provavelmente representará os custos operacionais mais baixos, ainda que seja necessário mais equipamento que em qualquer uma das opções em separado!